
A dor crônica é caracterizada pela persistência de dor por longos períodos de tempo. Causada por múltiplos fatores, como traumas, lesões ou condições que não foram devidamente tratadas, ela tem grande impacto na saúde e na qualidade de vida das pessoas. Nesta sexta-feira (17/10), é celebrado o Dia Mundial de Combate à Dor, instituído em 2004 pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), com o objetivo de conscientizar sobre o tema como um problema de saúde pública e destacar a importância do tratamento contínuo com acompanhamento de uma equipe multidisciplinar.
O Instituto Dr. José Frota (IJF), hospital da Prefeitura de Fortaleza, oferece tratamento para dor crônica a pacientes vítimas de traumas de alta complexidade, encaminhados após entrada na emergência e que necessitam de acompanhamento contínuo. O serviço é realizado por meio da Comissão Multidisciplinar de Tratamento da Dor (CTDOR), que atende dois perfis de pacientes: aqueles em nível ambulatorial — já com alta hospitalar, mas que precisam de continuidade no tratamento — e os que ainda permanecem internados.
Entre as pacientes atendidas pelo serviço está Aurileide Firmino, de 43 anos. Ela deu entrada na emergência do IJF em fevereiro de 2020 após torcer o pé ao descer de um veículo, o que ocasionou uma lesão ligamentar no tornozelo esquerdo. Após avaliação clínica, foi diagnosticada com Síndrome da Dor Complexa Regional (SDCR), condição de dor crônica e intensa que pode surgir após uma lesão, como fraturas. A paciente foi encaminhada ao CTDOR, onde realiza tratamento contínuo para alívio dos sintomas, por meio de bloqueios e medicações. O bloqueio da dor é um procedimento intervencionista, minimamente invasivo, que ajuda a reduzir a dor e o processo inflamatório da região afetada.
“Sou acompanhada a cada dois meses pelo dr. Nilson e dra Samantha por meio de bloqueios para dor. Quando preciso fazer o procedimento, fico internada e sou acompanhada por toda a equipe do ambulatório. Com esse tratamento, estou tendo mais qualidade de vida e só tenho a agradecer o hospital pela assistência”, relata Aurileide.
Outro paciente atendido pelo CTDor é Lemuel de Pádua, de 36 anos, diagnosticado com síndrome do membro fantasma, condição em que o paciente sente dor, formigamento ou queimação em uma parte do corpo amputada. Ele deu entrada no IJF em 2022, após um acidente de carro. Chegou em estado grave e precisou de atendimento emergencial imediato. Durante o tratamento, teve parada cardiorrespiratória, traumatismo e passou por cirurgia para amputação do braço.
“Passei 16 dias em coma na UTI. Para mim foi um choque no momento que acordei do coma e reparei que estava sem o braço. Hoje, dou graças a Deus por estar vivo, mesmo enfrentando as dificuldades do cotidiano”, relata Lemuel. A cada 45 dias, ele vai ao IJF para ser medicado. “Esse auxílio tem me ajudado bastante com as dores crônicas. Todas as vezes que estou no IJF, sou bem acolhido pela equipe e só tenho a agradecer por esse acompanhamento.”
Como funciona o serviço
Em nível ambulatorial, o tratamento envolve controle medicamentoso da dor, orientações e educação em saúde, além de acompanhamento com equipe multidisciplinar composta por assistente social, enfermeiro, médico especialista em medicina da dor e fisioterapeuta. Quando há necessidade e indicação médica, o paciente também é encaminhado para procedimentos intervencionistas.
Balanço
Atualmente, os principais atendimentos do CTDOR são direcionados a pacientes com dores crônicas decorrentes de trauma raquimedular, pós-operatórias, síndrome do membro fantasma, dores articulares (como em joelho, quadril e ombro) e hérnia de disco, entre outros. O serviço realiza, em média, 220 consultas eletivas por mês, além de 80 procedimentos intervencionistas e mais de 200 visitas hospitalares. Em 2025, os números já ultrapassam 1.900 consultas e 700 procedimentos realizados.
De acordo com Samantha Adolphson, coordenadora da CTDOR, este é um serviço que está presente nos melhores hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil. “Aqui no IJF, este é um serviço de ponta, realizado há mais de 20 anos e referência nesse atendimento, com profissionais médicos especialistas em medicina da dor, além de equipe multidisciplinar. É muito importante ver quadros clínicos com melhoras significativas por meio desse serviço, pacientes com mais qualidade de vida e retomando sonhos”, explica.
