08 de Abril de 2025 em Fortaleza IMPRIMIR

Medalha Iracema: Padre Rino, uma história de cuidado no maior Jardim de Fortaleza

Desde 1996, o Movimento Saúde Mental dedica-se ao acolhimento de pessoas em vulnerabilidade social e/ou com transtornos mentais


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padre rino sorri para a foto atrás de uma cerca em sua casa, ele veste uma camisa polo azul
“Nossa preocupação é acolher. São pessoas que, mesmo sem saber, já estavam querendo ser escutadas. Meus companheiros de Igreja já me diziam, muitos dos que vão se confessar não estão procurando o sacramento, mas sim serem ouvidos", diz Padre Rino (Foto: Marcos Moura)

Ottorino Bonvini, mais conhecido como padre Rino, nasceu em 1958, na cidade de Senago, Itália. Criado em uma família católica, foi desde cedo educado nos valores éticos e morais. Na infância, despertou seu amor pela música e pela natureza.

Aos 18 anos, viveu uma experiência que mudaria sua trajetória para sempre: atuou como motorista de ambulância em um serviço voluntário. “Foi ali que nasceu minha vocação para ser médico e missionário. A partir daquela vivência de doação e serviço, tive meu primeiro contato profundo com o mistério da morte, da dor, do sofrimento humano”, relembra.

Quase formado, pensava em se juntar aos Médicos Sem Fronteiras. No entanto, um encontro inesperado alterou novamente seu rumo. “Conheci, por acaso, os missionários combonianos. Eles me apresentaram uma Igreja diferente, que eu não conhecia: a Igreja do Brasil, de Dom Aloísio Lorscheider, Dom Helder Câmara e Dom Pedro Casaldáliga. Uma Igreja voltada para o bem social, para a qualidade de vida dos mais pobres, que todos os anos promove uma Campanha da Fraternidade. Isso ficou na minha cabeça.”

Durante sua formação como médico psiquiatra, trabalhou com o povo Cayapas, no Equador; nos Estados Unidos, apoiando sobreviventes de tortura e migrantes mexicanos; e, por fim, em Uganda, com vítimas de guerra e epidemias. “Essas experiências me fortaleceram. Passei a acreditar que poderia enfrentar qualquer desafio.”

Em 1993, participou de um congresso de psiquiatria no Rio de Janeiro, onde conheceu o professor Adalberto Barreto, idealizador do Projeto 4 Varas - iniciativa de cuidado que oferece terapias e vivências holísticas gratuitas à comunidade do Grande Pirambu. “Quando soube da experiência, pensei: é isso que quero fazer. Voltei aos Estados Unidos para concluir meus estudos, já com o desejo de retornar.”

Estabelecido em Fortaleza desde 1996, fundou o Movimento Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim, hoje conhecido como Movimento Saúde Mental. O trabalho começou com a criação de espaços de escuta e acompanhamento terapêutico voltados a famílias em situação de vulnerabilidade extrema.

“Assim nasceu nossa metodologia: a Abordagem Sistêmica Comunitária, que utiliza as Práticas Integrativas de Cuidado (PICs). São práticas previstas na reforma psiquiátrica, que visam à prevenção e ao acompanhamento terapêutico de quem enfrenta algum sofrimento. Trabalhamos com acolhimento, escuta e cuidado, buscando caminhos de crescimento para cada pessoa.”

Quase três décadas depois, o Movimento desenvolve diversas atividades socioterapêuticas: grupos de terapia comunitária; grupos de autoajuda voltados à recuperação da autoestima; ações com crianças e adolescentes por meio do projeto Sim à Vida; e o resgate da cultura indígena, com destaque para o trabalho com os povos Pitaguary.

“Nossa preocupação é acolher. São pessoas que, mesmo sem saber, já estavam querendo ser escutadas. Meus companheiros de Igreja já me diziam, muitos dos que vão se confessar não estão procurando o sacramento, mas sim serem ouvidos. É uma busca por afeto típica de uma pessoa que está com algum problema de saúde mental. Isso é mais importante aqui em Fortaleza,onde temos um padrão de vida nível Europa nas áreas nobres, mais ainda temos áreas que precisam de muita atenção, como o Grande Bom Jardim”, destaca padre Rino.

Sobre o recebimento da Medalha Iracema, ele diz: “fiquei muito feliz com o reconhecimento. Mas é importante lembrar que represento um movimento. Posso ser uma referência simbólica, mas há muita gente fazendo um trabalho de excelência. Hoje temos uma parceria com a Secretaria da Saúde do Ceará, com uma formação em Abordagem Sistêmica Comunitária. Já oferecemos essa formação fora do país - na Bolívia, no Peru, no Paraguai, no Panamá - e agora estamos iniciando essa jornada no Estado do Ceará, formando profissionais em Fortaleza, Maracanaú e, em breve, em outros municípios. Também já temos uma parceria com uma experiência semelhante do Maranhão.”

Medalha Iracema: Padre Rino, uma história de cuidado no maior Jardim de Fortaleza

Desde 1996, o Movimento Saúde Mental dedica-se ao acolhimento de pessoas em vulnerabilidade social e/ou com transtornos mentais

padre rino sorri para a foto atrás de uma cerca em sua casa, ele veste uma camisa polo azul
“Nossa preocupação é acolher. São pessoas que, mesmo sem saber, já estavam querendo ser escutadas. Meus companheiros de Igreja já me diziam, muitos dos que vão se confessar não estão procurando o sacramento, mas sim serem ouvidos", diz Padre Rino (Foto: Marcos Moura)

Ottorino Bonvini, mais conhecido como padre Rino, nasceu em 1958, na cidade de Senago, Itália. Criado em uma família católica, foi desde cedo educado nos valores éticos e morais. Na infância, despertou seu amor pela música e pela natureza.

Aos 18 anos, viveu uma experiência que mudaria sua trajetória para sempre: atuou como motorista de ambulância em um serviço voluntário. “Foi ali que nasceu minha vocação para ser médico e missionário. A partir daquela vivência de doação e serviço, tive meu primeiro contato profundo com o mistério da morte, da dor, do sofrimento humano”, relembra.

Quase formado, pensava em se juntar aos Médicos Sem Fronteiras. No entanto, um encontro inesperado alterou novamente seu rumo. “Conheci, por acaso, os missionários combonianos. Eles me apresentaram uma Igreja diferente, que eu não conhecia: a Igreja do Brasil, de Dom Aloísio Lorscheider, Dom Helder Câmara e Dom Pedro Casaldáliga. Uma Igreja voltada para o bem social, para a qualidade de vida dos mais pobres, que todos os anos promove uma Campanha da Fraternidade. Isso ficou na minha cabeça.”

Durante sua formação como médico psiquiatra, trabalhou com o povo Cayapas, no Equador; nos Estados Unidos, apoiando sobreviventes de tortura e migrantes mexicanos; e, por fim, em Uganda, com vítimas de guerra e epidemias. “Essas experiências me fortaleceram. Passei a acreditar que poderia enfrentar qualquer desafio.”

Em 1993, participou de um congresso de psiquiatria no Rio de Janeiro, onde conheceu o professor Adalberto Barreto, idealizador do Projeto 4 Varas - iniciativa de cuidado que oferece terapias e vivências holísticas gratuitas à comunidade do Grande Pirambu. “Quando soube da experiência, pensei: é isso que quero fazer. Voltei aos Estados Unidos para concluir meus estudos, já com o desejo de retornar.”

Estabelecido em Fortaleza desde 1996, fundou o Movimento Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim, hoje conhecido como Movimento Saúde Mental. O trabalho começou com a criação de espaços de escuta e acompanhamento terapêutico voltados a famílias em situação de vulnerabilidade extrema.

“Assim nasceu nossa metodologia: a Abordagem Sistêmica Comunitária, que utiliza as Práticas Integrativas de Cuidado (PICs). São práticas previstas na reforma psiquiátrica, que visam à prevenção e ao acompanhamento terapêutico de quem enfrenta algum sofrimento. Trabalhamos com acolhimento, escuta e cuidado, buscando caminhos de crescimento para cada pessoa.”

Quase três décadas depois, o Movimento desenvolve diversas atividades socioterapêuticas: grupos de terapia comunitária; grupos de autoajuda voltados à recuperação da autoestima; ações com crianças e adolescentes por meio do projeto Sim à Vida; e o resgate da cultura indígena, com destaque para o trabalho com os povos Pitaguary.

“Nossa preocupação é acolher. São pessoas que, mesmo sem saber, já estavam querendo ser escutadas. Meus companheiros de Igreja já me diziam, muitos dos que vão se confessar não estão procurando o sacramento, mas sim serem ouvidos. É uma busca por afeto típica de uma pessoa que está com algum problema de saúde mental. Isso é mais importante aqui em Fortaleza,onde temos um padrão de vida nível Europa nas áreas nobres, mais ainda temos áreas que precisam de muita atenção, como o Grande Bom Jardim”, destaca padre Rino.

Sobre o recebimento da Medalha Iracema, ele diz: “fiquei muito feliz com o reconhecimento. Mas é importante lembrar que represento um movimento. Posso ser uma referência simbólica, mas há muita gente fazendo um trabalho de excelência. Hoje temos uma parceria com a Secretaria da Saúde do Ceará, com uma formação em Abordagem Sistêmica Comunitária. Já oferecemos essa formação fora do país - na Bolívia, no Peru, no Paraguai, no Panamá - e agora estamos iniciando essa jornada no Estado do Ceará, formando profissionais em Fortaleza, Maracanaú e, em breve, em outros municípios. Também já temos uma parceria com uma experiência semelhante do Maranhão.”