
Uma conferência para mobilizar diversas esferas da sociedade na criação de estratégias para enfrentar os desafios do clima. Com os Diálogos Rumo à COP30, realizado nesta quarta-feira (10/9), no Centro de Eventos do Ceará, a Prefeitura de Fortaleza antecipou o debate da COP30, evento internacional que ocorre em novembro, em Belém (PA). Gratuita e aberta ao público, a iniciativa contou com a participação de grandes nomes nacionais e internacionais do debate sobre mudanças climáticas.
A programação contou com quatro painéis temáticos: O Futuro é Inclusivo e Sustentável; Oceano, Cidade e Cooperação Internacional; Transição Energética Justa; e Do Global para o Local: Como as Cidades Podem Liderar a Transição com Financiamento Climático. Entre os debatedores estavam nomes ligados ao Banco Mundial e ao Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), e representantes locais de povos tradicionais e indígenas.
Participando do painel Do Global para o Local: Como as Cidades Podem Liderar a Transição com Financiamento Climático, o especialista em Finanças Climáticas Leonardo Lima, da Aliança Brasileira de Finanças e Investimentos Sustentáveis, destacou a importância do evento realizado em Fortaleza.
"Atuando no âmbito internacional, eu vejo que Fortaleza está sendo uma liderança extremamente importante no Brasil, porque está realizando um dos quatro eventos pré-COP do país, e trazendo essa discussão para o Nordeste. Isso contribui muito para ampliar a comunicação com as comunidades”, observou Leonardo.
Para ele, os projetos voltados para o enfrentamento dos desafios do clima precisam ser discutidos com toda a sociedade, e eventos como os Diálogos Rumo à COP30, podem contribuir para esse propósito.
“As pessoas que vão mais ser impactadas pelas mudanças climáticas são as extremamente vulneráveis, que estão em regiões que são mais secas, e que não têm estrutura de resiliência de curto prazo. O diálogo com a sociedade civil, com as comunidades tradicionais, quilombolas, indígenas, pessoas que moram na periferia, é extremamente necessário para a gente escutar e criar projetos para essas pessoas”, pontuou Leonardo.
Segundo Dalila Menezes, gerente de planejamento estratégico do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Fortaleza (Ipplan), além de empreender esforços no contexto nacional e global, com a conferência, a cidade também está atuando localmente para mitigar os impactos do clima. Entre as iniciativas de sustentabilidade desenvolvidas pela administração municipal, ela citou as que são voltadas para a geração e utilização de energias renováveis, tema que abordou como participante do painel Transição Energética Justa.
"A Prefeitura de Fortaleza tem o Comitê de Energias Renováveis e Eficiência Energética, instituído em 2019 por um decreto municipal, onde a gente consegue, através de um colegiado, deliberar sobre projetos municipais na área de transição energética e energia renovável. Isso para a governança é muito importante, porque a transição energética também passa por vários outros setores, como a mobilidade. Então a Prefeitura abre esse diálogo e avança na preparação para uma transição energética justa e limpa."
Mais ações
Durante a abertura da conferência, o prefeito Evandro Leitão anunciou mais um conjunto de ações de proteção ambiental: a criação de cinco parques urbanos, o lançamento da primeira Política Municipal de Mudança do Clima e o estabelecimento do Observatório dos Riscos Climáticos. Na ocasião, o prefeito também oficializou a entrada de Fortaleza na Rede Global C40.
Ao realizar os Dialógos Rumo à COP30, a Prefeitura de Fortaleza reforça a importância do papel das cidades como espaços estratégicos para o desenvolvimento de ações de resiliência climática. Entre os objetivos da iniciativa, está mobilizar a sociedade civil, empresas e gestores públicos na implementação de medidas necessárias para o enfrentamento das mudanças climáticas.
Transformação
Integrante do Movimento Negro Unificado (MNU), Joelma Karine da Silva soube da conferência pelas redes sociais e definiu a experiência como transformadora, e as questões discutidas no evento como de grande importância para o MNU.
“Todas as contribuições me contemplaram profundamente, tanto a participação de integrantes da sociedade civil, de comunidades tradicionais, de representantes indígenas, que foram falas muito potentes, como também a participação das representatividades internacionais, que já vieram trazendo outros modelos de desenvolvimento e propostas de ações para a diminuição do retrocesso planetário em relação ao meio ambiente”, avaliou.
A advogada Jéssica Holanda Maia trabalha com consultoria ambiental para empresas, e destacou a importância dos Diálogos Rumo à COP30 para a sua área de atuação. “Embora sejamos de um segmento do setor privado, nós temos o propósito de fazer as outras empresas entenderem que o ambiental não é um custo, mas sim um benefício, e esse é um evento que contribui muito para o aprimoramento desse trabalho. Para que a sustentabilidade avance, precisamos do envolvimento de todas as esferas da sociedade, então trocas como essas são essenciais”, afirmou.
