Luci Magalhâes (Az de Ouro), Raimundo Praxedes (Nação Baobab), Paul Moura (Nação Palmares), pesquisador Paulo Tadeu e Izidoro dos Santos, carnavalesco

O Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Histórico e Cultural de Fortaleza (Comphic) aprovou por unanimidade, nesta quinta-feira (03/12), o registro do maracatu como patrimônio imaterial de Fortaleza. A reunião aconteceu no Teatro Antonieta Noronha e contou com a participação dos conselheiros, do titular da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor) e presidente do Comphic, Magela Lima, do coordenador de Patrimônio da Secultfor, Jober Pinto, além de brincantes e pesquisadores de maracatus e cultura popular tradicional.

A instrução de registro do maracatu foi elaborada numa parceria entre Secretaria de Cultura de Fortaleza, por meio da Coordenação de Patrimônio Histórico e Cultural, e Instituto de Estudos, Pesquisas e Projetos da Universidade Estadual do Ceará (Iepro). A apresentação foi feita pela gerente de patrimônio imaterial da Secultfor, Graça Martins.

"O registro do maracatu cearense como patrimônio imaterial de Fortaleza é um dado importante que, a partir de hoje, passa a compor nossa história. Todos ganhamos com esse fato, os grupos detentores da manifestação, os gestores, a cultura tradicional popular, enfim, a cidade”, comemora Graça Martins.

Para Jober Pinto, a iniciativa é motivo de imensa alegria. "Essa bela e importante manifestação de nossa cultura há muito tempo merecia esse reconhecimento. Lembro que todo dia 25 de cada mês, dentro do projeto '25 é dia de Maracatu', sempre em um lugar diferente de nossa cidade, temos a oportunidade de apreciar o belo cortejo e som cadenciado e envolvente do batuque do nosso maracatu", celebra.

“O registro do maracatu é muito importante pelo seu reconhecimento como uma das atividades marcantes da cultura tradicional popular e para a preservação deste folguedo que é, sem dúvida, o mais característico traço da cearensidade no contexto do ciclo folclórico carnavalesco”, esclarece o jornalista, pesquisador e fundador de diversos maracatus, Paulo Tadeu.

Ainda se manifestaram em favor da ação Luci Magalhães, do Maracatu Az de Ouro, o mais antigo em atividade em Fortaleza, e William Augusto, do Maracatu Nação Iracema. Izidoro dos Santos, carnavalesco e figurinista cearense homenageado no carnaval de rua em 2013, também esteve presente na reunião.

Após a aprovação pelo Comphic, o decreto de registro segue para a assinatura do prefeito Roberto Cláudio. O tombamento tem como enquadramento legal a Lei n.º 9347, de 11 de março de 2008, que dispõe sobre a proteção do patrimônio histórico-cultural e natural do município de Fortaleza (entre outras providências).

Sobre o maracatu cearense
Definir o Maracatu como “um cortejo composto por diversos personagens que, com acompanhamento sonoro, anunciam pelas ruas da cidade, a coroação de reis negros, evidenciando a figura de uma rainha” é muito pouco diante da multiplicidade de usos e sentidos dessa manifestação.

Entre suas especificidades estão usos rituais dos espaços de apresentação, utilização de determinados instrumentos musicais, estilo rítmico e melódico das músicas (loas), presença de personagens específicos no cortejo, inserção de novos elementos e vínculo com as comunidades onde estão situados.

A manifestação se desenvolveu com características específicas. Entre elas, negrume (como forma de homenagear e sublinhar a herança afro-brasileira) e ferro (que marca a sonoridade solene do Maracatu Cearense), elementos que demarcam a diferença em relação aos maracatus de outras localidades brasileiras.

 

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Os membros do Comphic participaram da apresentação de reis e rainhas e maracatus no Dia Nacional da Cultura (Foto: Marcos Moura)

Na data em que se comemora o Dia Nacional da Cultura, 5 de novembro, o maracatu cearense foi destaque desde cedo. Às 9 horas, reis e rainhas dos maracatus Nação Baobab, Nação Fortaleza, Nação Iracema, Nação Pici, Nação Palmares, Axé de Oxossi, Kizomba, Rei Zumbi e Maracatu Solar se apresentaram no Anfiteatro Lauro Maia, localizado na sede da Secretaria Municipal de Cultura de Fortaleza. Logo após, a proposta de registro do maracatu como patrimônio cultural foi apresentada na 70ª reunião ordinária do Conselho de Proteção do Patrimônio Histórico e Cultural.

“Esse é um passo extremamente positivo em termos de visibilidade e sustentabilidade do nosso maracatu. É um reconhecimento de uma expressão cultural que está nos costumes da população e que passa a ganhar um novo olhar. São 100 anos de tradição”, resume o cantor e compositor Calé Alencar, idealizador do Maracatu Nação Fortaleza.

De acordo com o filósofo Teo Lima, integrante do Rei Zumbi, o registro é uma garantia de que a cultura do maracatu tipicamente cearense comom por exemplo, a tradição do rosto pintado, seja mantida e preservada. “Tiro o chapéu pela iniciativa. Em Recife, no Rio de Janeiro e em Salvador isso já aconteceu”, ressalta.

O Secretário de Cultura de Fortaleza e presidente do Comphic, Magela Lima, também salientou a importância do registro, sobretudo no que diz respeito à maior difusão do maracatu. “Esse registro precisa reverberar pela cidade e todos os brincantes, apesar de não estarem aptos a votar no Conselho, têm muito a comemorar com essa conquista”, afirmou.

Os membros do Comphic deverão apreciar a instrução de registro do maracatu na próxima reunião, prevista para acontecer dezembro. Outros bens culturais registrados em âmbito municipal são a Festa de São Pedro dos Pescadores e a Farmácia Oswaldo Cruz.

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Quinta, 01 Outubro 2015 13:35

Tombado primeiro conjunto arquitetônico

Imagem de arquivo das fechadas da Igreja do Pequeno Grande e do Colégio Imaculada Conceição

O Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Fortaleza (Comphic) aprovou, por unanimidade, nesta quinta-feira (1/10), o tombamento do conjunto de valor patrimonial histórico e arquitetônico do qual fazem parte o Colégio Imaculada Conceição, a Igreja do Pequeno Grande, a Escola Jesus, Maria e José e a Escola Justiniano de Serpa, localizados no entorno da Praça Filgueiras de Melo, no centro da cidade. Trata-se do primeiro tombamento desta natureza em Fortaleza.

De acordo com a instrução de tombamento, o entorno do conjunto conserva ainda inúmeros imóveis do fim do século XIX e início do século XX que mantém muitas das suas caraterísticas originais e apresentam elevado interesse histórico e valor arquitetônico, compartilhando a ambiência acolhedora e confortável da Praça Figueiras de Melo, antes chamada Praça dos Educandos.

O Colégio Imaculada Conceição ocupa toda a quadra situada entre as ruas Coronel Ferraz, a oeste, Costa Barros, ao norte, 25 de março, a leste, e a Avenida Santos Dumont, ao sul, integrando na confluência das Avenida Santos Dumont, com a rua Coronel Ferraz, a Igreja do Pequeno Grande, cuja silhueta se destaca por entre os restantes edifícios (nomeadamente pela presença da torre sineira), constituindo uma referência visual para todo o conjunto. Ambos têm as fachadas principais voltadas para a Praça Figueiras de Melo, e sua arborização, com muros e gradis a criar pequenos espaços privados de recuo em relação à calçada para permitir um acesso mais resguardado aos edifícios.

O edifício da antiga Escola Jesus, Maria e José, propriedade da Arquidiocese de Fortaleza, está localizado entre as ruas Coronel Ferraz e Visconde de Sabóia e o início da Avenida Santos Dumont. Voltada para a lateral da Igreja do Pequeno Grande, o destaque das alas laterais do edifício, de cantos chanfrados, permitem à fachada principal um recuo em relação à calçada. Atualmente, o edifício está devoluto e a área de recuo é ocupada como estacionamento, no entanto este espaço foi, no passado, murado, permitindo um acesso resguardado à semelhança do que acontece com o Colégio da Imaculada Conceição.

O edifício do Colégio Estadual Justiniano de Serpa, antiga Escola Normal, possui localização privilegiada, no centro da Praça Figueira de Melo, entre a Avenida Santos Dumont, ao norte, e as ruas 25 de março, a leste e Coronel Ferraz, a oeste. Envolvida por arborização, a escola desfruta de um ambiente tranquilo, que ameniza os ruídos e outros inconvenientes da inserção urbana.

“O tombamento em conjunto dos imóveis Igreja do Pequeno Grande, Colégio Imaculada Conceição, Colégio Jesus, Maria, José e Colégio Justiniano de Serpa é mais um importante passo no processo de preservação e valorização do patrimônio cultural de Fortaleza. Trata-se da primeira experiência de tombamento de um conjunto edificado significativo, nesse caso, articulado em torno ao tema da educação em nossa cidade. O tombamento de conjuntos urbanos é uma estratégia extremamente contemporânea de proteção porque amplia o interesse patrimonial dos bens considerados de forma isolada a todo um contexto mais abrangente que ajuda a entender melhor nossa própria historia. Proximamente, esperamos poder dar novos passos nessa direção, contemplando outras áreas da cidade e incluindo de maneira especial o patrimônio modernista de Fortaleza, por vezes deixado de lado no debate entorno a memoria histórica e arquitetônica de nossa cidade”, comemora o coordenador de patrimônio histórico e cultural da Secultfor, Jober Pinto.

A instrução de tombamento do conjunto foi elaborada numa parceria entre Secretaria de Cultura de Fortaleza, por meio da Coordenação de Patrimônio Histórico e Cultural, e o Instituto de Estudos, Pesquisas e Projetos da Universidade Estadual do Ceará (Iepro). A apresentação foi feita pela arquiteta Susana Caramelo e pelo historiador Carlos Freire.

Após a aprovação pelo Comphic, o decreto de tombamento segue para a assinatura do Prefeito de Fortaleza, Roberto Claudio. O tombamento tem como enquadramento legal a Lei nº 9.347, de 11 de março de 2008, que dispõe sobre a proteção do patrimônio histórico-cultural e natural do município de Fortaleza (entre outras providências).

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O edifício São Pedro foi o primeiro da orla marítima de Fortaleza e tem estrutura bem parecida com a de um navio (Foto: acervo Secultfor)

O Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Fortaleza (Comphic) aprovou, por unanimidade, nesta quinta-feira (10/09), o tombamento definitivo do Edifício São Pedro, onde funcionou o Iracema Plaza Hotel. A instrução de tombamento do prédio foi elaborada pela Coordenadoria de Patrimônio Histórico e Cultural da Secretaria de Cultura de Fortaleza e apresentada aos conselheiros pelo seu coordenador, o arquiteto Jober Pinto. O pedido de tombamento do Edifício São Pedro foi solicitado pelos proprietários do imóvel.

De acordo com a instrução de tombamento, o “Edifício São Pedro é um forte referencial na memória dos moradores e frequentadores, antigos e novos, da Praia de Iracema. É um marco de enorme importância na construção da imagem da cidade graças ao seu estilo arquitetônico e sua excêntrica e maciça volumetria que se destaca do seu entorno. Além disso, sua implantação estratégica marca exatamente o começo da beira-mar, criando a sensação de que o edifício está sendo acolhido pela praia”.

"O tombamento do Edifício São Pedro/Iracema Plaza Hotel é mais um importante passo no sentido de ampliar o debate sobre ao patrimônio de nossa cidade. Se trata de um imóvel da década de 1950, com estrutura de concreto armado, portanto, um dos pioneiros no uso dessa tecnologia em nossa cidade. O edifício foi o primeiro com mais de dois andares na praia de Iracema e inaugurou o uso hoteleiro, antes concentrado na região central, na orla de Fortaleza. Sua volumetria singular é um marco inegável na memoria coletiva de cidadãos e visitantes. Além disso, se trata de mais um tombamento que coloca em evidencia a discussão em torno do patrimônio moderno, um tema muito contemporâneo do ponto de vista patrimonial e ao qual temos dedicado um especial interesse. Esperamos que em breve possamos dar outros passos nessa direção", comemora o arquiteto Jober Pinto.

Após a aprovação pelo Comphic, o decreto de tombamento segue para a assinatura do prefeito de Fortaleza, Roberto Claudio.

Sobre o Edifício São Pedro
O Edifício São Pedro está localizado na Praia de Iracema e é limitado pelas ruas João Cordeiro, Monsenhor Tabosa, Almirante Jaceguaí, Almirante Tamandaré e a Avenida Beira-Mar.

Inaugurado em 1951, foi o primeiro da orla marítima de Fortaleza, com estrutura bem parecida com a de um navio. Devido a um grande evento que iria acontecer na cidade e à falta de local para abrigar os visitantes, o governador solicitou à imobiliária Pedro Philomeno Gomes, proprietária do imóvel, que parte do prédio fosse transformada em hotel.

Chamado então de Iracema Plaza, passou a operar 75% como hotel. Seu auge foi entre as décadas de 1960 e 1980, data de sua última reforma. Durante 20 anos, funcionou no térreo do edifício o Restaurante Panela, frequentado pela alta sociedade local.

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A reunião do Comphic aconteceu na sede da Secultfor nesta quinta-feira (8). Foto: Qroz Netto

O Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Fortaleza (Comphic) aprovou por unanimidade nesta quinta-feira, 8 de janeiro de 2015, a instrução de tombamento da edificação onde funcionou o Colégio Cearense do Sagrado Coração, recentemente adquirida pelo Centro Universitário Estácio/FIC. A instrução de tombamento foi elaborada pela Coordenação de Patrimônio Histórico e Cultural da Secretaria de Cultura de Fortaleza e apresentada aos conselheiros pelo seu coordenador, o arquiteto Jober Pinto.

Estiveram presentes na reunião o presidente do Comphic, o Secretário de Cultura de Fortaleza, Magela Lima, os conselheiros, entre eles a Secretária de Urbanismo e Meio Ambiente do Município, Águeda Muniz, e a reitora do Centro Universitário Estácio/FIC, Ana Flávia Chaves. Em total acordo com o tombamento, Ana Flávia parabenizou os conselheiros pela decisão e ressaltou o compromisso da instituição de ensino com a preservação dos bens materiais e imateriais da cidade.

“Fico muito feliz com o tombamento. Nós temos total interesse em manter a história daquele local e de estimular ao máximo o seu uso cultural para toda a cidade, por isso esperamos em breve reabrir as atividades do teatro, que deverá contar com atividades diversas, como shows musicais de vários estilos e espetáculos”, antecipou Chaves.

“A aprovação da Instrução de Tombamento do Colégio Marista foi um passo muito importante para a proteção definitiva deste complexo arquitetônico, que possui um papel relevante na conformação da memória de Fortaleza. Além de se tratar de um bem de inegável valor para a cidade, esse tombamento merece especial destaque por outros dois aspectos: o primeiro deles pelo fato de que, além de restaurado, o edifício vai manter sua função original, ou seja, continua abrigando uma instituição de ensino o que é muito importante para a preservação dessa memória. Por outro lado, a instrução define como objeto do tombamento o complexo edificado mais antigo, incluindo o edifício vertical de linhas modernistas. Esse fato, além da importância evidente de salvaguardar o registro da evolução arquitetônica do complexo, serve como uma provocação que pode contribuir para impulsar em nossa cidade um debate acerca das formas e critérios de preservação da arquitetura moderna, um tema extremamente atual no âmbito do debate contemporâneo em torno ao patrimônio edificado”, esclarece o coordenador de Patrimônio Histórico e Cultural da Secultfor, Jober Pinto.

Após a aprovação pelo Comphic, a instrução de tombamento segue para a assinatura do Prefeito de Fortaleza, Roberto Claudio. 

 
Sobre o Colégio Cearense do Sagrado Coração

Obra educativa católica do início do século XX, o “Colégio Marista” foi uma das primeiras instituições de educação assentadas em Fortaleza. Nos fins do século XIX, aproximadamente em 1897, os Irmãos Maristas, religiosos católicos, chegaram ao Brasil e iniciaram sua obra educativa e em 1916, o bispo de Fortaleza, Dom Manoel da Silva Gomes, “consegue os Maristas para o Colégio Cearense”2.

Fundado em 1914 pelos Padres José Quinderé, Climerio Chaves, Misael Gomes e Otávio de Castro, o colégio passa por profundas transformações de ordem e sentidos, a partir das mudanças na ordem política, econômica, social e educacional que estão acontecendo em Fortaleza das décadas de 1920.

Ainda durante os anos 1920, acontece a Semana de Arte Moderna e a fundação da Associação Brasileira de Educação, advertia a emergência de uma nação mais democrática e participativa.

Diante desse cenário, a educação era também uma das mais importantes ferramentas para a constituição da população da época, sobretudo do “novo trabalhador brasileiro”, laborioso e civilizado.

Fieis aos princípios do Padre Marcelino Champagnat em “formar bons cristãos e virtuosos cristãos”, o Colégio Cearense integrava aos princípios da educação que percorria o cenário de Fortaleza a partir da década de 1920. 

O Colégio Cearense encerrou suas atividades em 2007, dando lugar apenas à Faculdade Católica do Ceará, hoje também extinta. Em 2013 comemorou o centenário de sua fundação. Em dezembro de 2014, a edificação foi adquirida pelo Grupo Estácio.

 

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